segunda-feira, 24 de outubro de 2016

Tapajós, minha casa minha cultura

 II Caravana em Defesa do Tapajós Realizado pelo Movimento Tapajós Vivo-MTV de 26 à 28 de Agosto de 2016 Itaituba-Pa

“Não queremos barragens, queremos resgatar ‘nossas Culturas’ que está sendo esquecida” (-Raimunda, representante dos pescadores de Belo Monte-)
>[Segue aqui uma nota escrita por mim, José Tiago de Sousa Neto, redator deste blog, em seguida a cobertura feita por mim e Aline de Matos Soares fotógrafa deste blog, neste período da Caravana em Defesa do Tapajós-Itaituba/Pa]<<
Muitos foram até Itaituba que fica à margem direita do Rio Tapajós, gritar: “Não as hidrelétricas!”, outros diziam em auto e bom tom “Fora Temer!” e até alguns indagavam, de forma sutil: “Tapajós sim, Barragens não!”
Mas eu, durante uma longa viagem que fiz de Santarém do Pará até Itaituba pude ver, analisar e crer, que muitos sim, gritariam em defesa, mas em um outro tanto qualquer, que apenas seriam números para lotação da embarcação, foram para passear e tentar escandalizar o movimento, com suas atitudes de falta de educação, não eram apenas qualquer coisa que por diversas vezes tive o péssimo momento de apreciar, esses que jogavam pequenos PET’S que levam centenas de anos para decompor-se, nas águas que seria o enredo principal do grito contra o carnaval de barragens. Não é preciso ser biólogo, antropólogo ou algo do tipo como até sociólogo, pra conhecer o comportamento de um ser que se chama humano. Pois como vou defender um Rio que é minha casa, se não cuido bem do mesmo? Não é preciso ser filósofo para dizer com belas palavras ou com palavras dolorosas o que muitos querem da nossa Amazônia.
A II caravana em defesa do Tapajós, trouxe não apenas povos da área urbana, rural, reservas, assentamentos e aldeias das cidades vizinhas de Itaituba, mas sim de estados próximos e até distante no nosso convívio tapajônico. Contávamos com diversas entidades, instituições tanto religiosa, quanto educacional, universitários e movimentos. No dia 26 de agosto, abertura oficial do evento marcou presença o 53° BIS (Exército Brasileiro) que com sua orquestra tocou o Hino Nacional Brasileiro, de uma forma que demonstrava a força dos guerreiros, que infelizmente muitos tem medo. E após eles enfatizaram: “Verás que os filhos teus não foge à luta” .
B612_20160827_102446[1]Abraço_ao_Tapajós-ITB[1].jpg
Crise econômica no Governo não existe, se existisse esse projeto de Hidrelétricas não Existia… (Pedro, Analista da Conjuntura)
Um território é capaz de incorporar fatores étnicos, elementos de consciência ecológica, critérios de gênero e de afirmação coletiva. É capaz de agrupar forças de pressão contra os entraves políticos e administrativos ao levantar pautas reivindicatórias.O território, por si mesmo, passa a ser um espaço social de direito e de práticas coletivas. Por que também é escolhido para o ser. Sim, ele é constituído pelas pessoas e coisas, pela memória que reside nos saberes e conhecimentos locais. Essas formações culturais que complementam a emergência do movimento social abarcado em torno do Rio Tapajós são desejos históricos do embate pela visibilidade da pertença de muitos coletivos de gente e de coisas em fluxo permanente (re) tradicionalizando na impermanência que é o mundo dos humanos. A ameaça territorial que conclama as pessoas e as coisas escolhidas como resistência a reinventarem no dia a dia é a mesma que faz a luta política da autonomia e reconhecimento dos direitos.
(Thaís Helena Medeiros – doutoranda do CPDA\UFFRJ)
A II Caravana em Defesa do Rio Tapajós propõe aos povos dessas imediações, o Território Tapajônico. Ora, então as coisas materiais e imateriais que escolheram para os constituírem Munduruku, Arapium, Arimum, Borari, Cara Preta, Maytapu, Timbira e Tupinambá, pescadores, barqueiros, garimpeiros, beiraderos, agricultores, extrativistas, artistas, trabalhadores urbanos e rurais se emaranharão como elementos de resistência e batalha por direitos. Moldarão formas de práticas coletivas como novas experiências espaciais e temporais em que os grupos significam seus próprios territórios.
IMG_20160828_171749406[1]
Participaram da audiência cerca de 300 pessoas, entre técnicos, lideranças políticas, comunitárias, sindicais e indígenas, dos Estados de Tocantins, Goiás, Mato Grosso e Pará, além do Distrito Federal. No evento, eles assistiram à apresentação dos estudos técnicos realizados pelo Centro Brasileiro de Referência e Apoio Cultural (Cebrac), contratado para dar assistência técnica ao movimento. O diretor do Cebrac, Maurício Galinkin, relatou que os estudos constataram que os processos de drenagem, alagamento e assoreamento dos rios para a construção da hidrovia trarão problemas ambientais, como a destruição de habitats naturais de muitas espécies animais e vegetais, alterando negativamente o meio em que vivem milhares de ribeirinhos e onde estão 29 áreas indígenas. O relatório do Cebrac ainda concluiu que o empreendimento provocaria o desaparecimento de praias e outros atrativos do rio Araguaia, o que traria prejuízos para muitos municípios que têm como base econômica o turismo. Os argumentos do representante do Cebrac vieram de encontro aos do diretor de Indústria e Comércio da Secretaria da Produção do Estado do Tocantins, José Di Bella Filho. O representante do governo do Tocantins ressaltou a importância do projeto da hidrovia, destacando os avanços que o empreendimento poderá promover na integração e no desenvolvimento regional dos Estados do Pará, Tocantins, Mato Grosso e Maranhão. Um dos pontos destacados pelo diretor foi a economia que a Araguaia-Tocantins poderia gerar no transporte da soja, fazendo com se tornasse mais competitiva no mercado exterior, e também de outros produtos.
Antônia disse durante a II caravana MTV:
” a destruição começou foi quando 40 guerreiros Munduruku, fizeram ocupação e resistência no canteiro Bello Monte”

Mas a  explanação do diretor não convenceu muitas das lideranças presentes ao evento. “Ele não falou sobre de que forma o governo pretende diminuir os impactos sócio-ambientais do projeto”, avaliou Fátima Dourado, articuladora do Centro de Defesa dos Direitos Humanos de Palmas, que afirmou não ver “nenhuma vantagem no empreendimento”. Para o diretor da organização não-governamental Alternativas para o Pequeno Agricultor no Tocantins (APA), Ailton Dias, os prejuízos da hidrovia não justificam os possíveis lucros do empreendimento, que, segundo ele, poderiam ser compensados pela uso da ferrovia Norte-Sul. “Os estudos técnicos mostram que preço da soja ficará mais baixo se transportada pela ferroria em vez da hidrovia, que se torna uma obra faraônica inviável”, comparou.
Será, que vamos ver no Tapajós o que vimos no Xingu?
“Temos que caminhar juntos, para a academia aprender com os povos indígenas e não os indígenas aprender com as academias” (Calmões-Procurador da Justiça)

“A expectativa é que Belo Monte altere para sempre a vida de Altamira e de todas as cidades da região”…
Realidade…
Além das mudanças geográficas e a nova perspectiva para a exploração econômica de recursos naturais em larga escala nessa região amazônica, Belo Monte representa a mudança definitiva para uma região que convive ainda hoje sob carências de infraestrutura básica e um ambiente de violência, gerado pela ocupação irregular do território, a grilagem de terras e a exploração ilegal da madeira. A previsão é que 20 mil famílias sejam retiradas de suas propriedades e realocadas em algum ponto da região dando espaço para Belo Monte. A demora para essa solução tem criado incertezas para centenas de famílias que não sabem o que pode ocorrer no futuro de uma região com grande fluxo migratório.
O propósito de tomar uma parte do Parque Nacional do Xingu, onde vivem comunidades indígenas – entre os quais o líder indígena Raoni, um dos maiores combatentes do projeto Belo Monte –, criou um movimento contrário ao aproveitamento hidrelétrico do caudaloso rio, um dos principais afluentes do Rio Amazonas.
Idealizado ainda no governo militar, em 1975, o projeto do complexo Kararaô (o primeiro nome de Belo Monte) tinha dimensões ainda mais superlativas em relação o atual. Na ocasião, a Ditadura Militar imaginou uma obra com seis barragens entre os rios Xingu e Iriri, configuração que não poupava sequer o Parque Nacional do Xingu.
O projeto dos militares previa a construção de um complexo hidrelétrico com capacidade instalada de 20.000 MW (maior do que a Usina Hidrelétrica de Itaipu) e o alagamento de um território de 18.000 quilômetros quadrados, uma área 12 vezes maior do que a cidade de São Paulo. As implicações socioambientais da obra, associada a grande dificuldade econômica brasileira entre as décadas de 1980 e 1990, transformaram a obra numa sombra para os povos da região, mas que, até então, jamais havia se concretizado efetivamente. Somente depois do racionamento de energia que o Brasil foi obrigado a adotar em 2001, o projeto Belo Monte ressurgiu como uma necessidade do país. Não sem revisões.
Folha de S. Paulo
Agora tudo reflete no Tapajós, onde não só o Tapajós e seus habitantes são alvos dessa destruição, mas sim a bacia amazônica.
O Rio Tapajós tem sido a nova fronteira dos megaprojetos do governo federal de usinas hidrelétricas na Amazônia, com previsão de 40 usinas. Somente para o Tapajós estão previstas cinco. No projeto pretendia-se construir primeiro a de São Luiz do Tapajós, com um custo estimado de cerca de R$ 30 milhões e capacidade de gerar aproximadamente 4.000 MW por ano, quase o mesmo valor da produção da usina Belo Monte.
“O enterramento da [hidrelétrica] São Luiz do Tapajós nos dá uma grande esperança de que: ora, se a maior de todas elas teve o seu destino adequado, e legalmente oportuno, também tenhamos esperança que os demais sigam essa risca e uma vez verificado do ponto de vista técnico e legal que não são viáveis do ponto de vista socioambiental, que os órgãos deem a esses projetos os devidos destinos”, afirmou o procurador Calmões.
Tapajós, minha casa minha cultura…
A soma desses sentidos da vida, é ela, a dita cultura. Identificamos a esse conjunto cultural com tradições que são herdadas, reinventadas e atualizadas no tempo e espaço presentes. As linhas são protagonizadas pelos indivíduos que tecem o emaranhado em seus coletivos culturais que são os pescadores, barqueiros, garimpeiros, beiraderos, indígenas, agricultores, extrativistas, artistas, trabalhadores urbanos e rurais. Cada um deles são espaços sociais onde as pessoas e coisas (bens e trecos) entrelaçam histórias e misturam suas narrativas traduzidas pelas memórias dos saberes e conhecimentos.


Fotos tiradas durante o Movimento Tapajós Vivo, Caravana que ocorreu de 26 à 28 de Agosto de 2016 Itaituba-Pa

Fonte: www.blognovajuventude.wordpress.com

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Tapajós, minha casa minha cultura

 II Caravana em Defesa do Tapajós Realizado pelo Movimento Tapajós Vivo-MTV de 26 à 28 de Agosto de 2016 Itaituba-Pa

“Não queremos barragens, queremos resgatar ‘nossas Culturas’ que está sendo esquecida” (-Raimunda, representante dos pescadores de Belo Monte-)
>[Segue aqui uma nota escrita por mim, José Tiago de Sousa Neto, redator deste blog, em seguida a cobertura feita por mim e Aline de Matos Soares fotógrafa deste blog, neste período da Caravana em Defesa do Tapajós-Itaituba/Pa]<<
Muitos foram até Itaituba que fica à margem direita do Rio Tapajós, gritar: “Não as hidrelétricas!”, outros diziam em auto e bom tom “Fora Temer!” e até alguns indagavam, de forma sutil: “Tapajós sim, Barragens não!”
Mas eu, durante uma longa viagem que fiz de Santarém do Pará até Itaituba pude ver, analisar e crer, que muitos sim, gritariam em defesa, mas em um outro tanto qualquer, que apenas seriam números para lotação da embarcação, foram para passear e tentar escandalizar o movimento, com suas atitudes de falta de educação, não eram apenas qualquer coisa que por diversas vezes tive o péssimo momento de apreciar, esses que jogavam pequenos PET’S que levam centenas de anos para decompor-se, nas águas que seria o enredo principal do grito contra o carnaval de barragens. Não é preciso ser biólogo, antropólogo ou algo do tipo como até sociólogo, pra conhecer o comportamento de um ser que se chama humano. Pois como vou defender um Rio que é minha casa, se não cuido bem do mesmo? Não é preciso ser filósofo para dizer com belas palavras ou com palavras dolorosas o que muitos querem da nossa Amazônia.
A II caravana em defesa do Tapajós, trouxe não apenas povos da área urbana, rural, reservas, assentamentos e aldeias das cidades vizinhas de Itaituba, mas sim de estados próximos e até distante no nosso convívio tapajônico. Contávamos com diversas entidades, instituições tanto religiosa, quanto educacional, universitários e movimentos. No dia 26 de agosto, abertura oficial do evento marcou presença o 53° BIS (Exército Brasileiro) que com sua orquestra tocou o Hino Nacional Brasileiro, de uma forma que demonstrava a força dos guerreiros, que infelizmente muitos tem medo. E após eles enfatizaram: “Verás que os filhos teus não foge à luta” .
B612_20160827_102446[1]Abraço_ao_Tapajós-ITB[1].jpg
Crise econômica no Governo não existe, se existisse esse projeto de Hidrelétricas não Existia… (Pedro, Analista da Conjuntura)
Um território é capaz de incorporar fatores étnicos, elementos de consciência ecológica, critérios de gênero e de afirmação coletiva. É capaz de agrupar forças de pressão contra os entraves políticos e administrativos ao levantar pautas reivindicatórias.O território, por si mesmo, passa a ser um espaço social de direito e de práticas coletivas. Por que também é escolhido para o ser. Sim, ele é constituído pelas pessoas e coisas, pela memória que reside nos saberes e conhecimentos locais. Essas formações culturais que complementam a emergência do movimento social abarcado em torno do Rio Tapajós são desejos históricos do embate pela visibilidade da pertença de muitos coletivos de gente e de coisas em fluxo permanente (re) tradicionalizando na impermanência que é o mundo dos humanos. A ameaça territorial que conclama as pessoas e as coisas escolhidas como resistência a reinventarem no dia a dia é a mesma que faz a luta política da autonomia e reconhecimento dos direitos.
(Thaís Helena Medeiros – doutoranda do CPDA\UFFRJ)
A II Caravana em Defesa do Rio Tapajós propõe aos povos dessas imediações, o Território Tapajônico. Ora, então as coisas materiais e imateriais que escolheram para os constituírem Munduruku, Arapium, Arimum, Borari, Cara Preta, Maytapu, Timbira e Tupinambá, pescadores, barqueiros, garimpeiros, beiraderos, agricultores, extrativistas, artistas, trabalhadores urbanos e rurais se emaranharão como elementos de resistência e batalha por direitos. Moldarão formas de práticas coletivas como novas experiências espaciais e temporais em que os grupos significam seus próprios territórios.
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Participaram da audiência cerca de 300 pessoas, entre técnicos, lideranças políticas, comunitárias, sindicais e indígenas, dos Estados de Tocantins, Goiás, Mato Grosso e Pará, além do Distrito Federal. No evento, eles assistiram à apresentação dos estudos técnicos realizados pelo Centro Brasileiro de Referência e Apoio Cultural (Cebrac), contratado para dar assistência técnica ao movimento. O diretor do Cebrac, Maurício Galinkin, relatou que os estudos constataram que os processos de drenagem, alagamento e assoreamento dos rios para a construção da hidrovia trarão problemas ambientais, como a destruição de habitats naturais de muitas espécies animais e vegetais, alterando negativamente o meio em que vivem milhares de ribeirinhos e onde estão 29 áreas indígenas. O relatório do Cebrac ainda concluiu que o empreendimento provocaria o desaparecimento de praias e outros atrativos do rio Araguaia, o que traria prejuízos para muitos municípios que têm como base econômica o turismo. Os argumentos do representante do Cebrac vieram de encontro aos do diretor de Indústria e Comércio da Secretaria da Produção do Estado do Tocantins, José Di Bella Filho. O representante do governo do Tocantins ressaltou a importância do projeto da hidrovia, destacando os avanços que o empreendimento poderá promover na integração e no desenvolvimento regional dos Estados do Pará, Tocantins, Mato Grosso e Maranhão. Um dos pontos destacados pelo diretor foi a economia que a Araguaia-Tocantins poderia gerar no transporte da soja, fazendo com se tornasse mais competitiva no mercado exterior, e também de outros produtos.
Antônia disse durante a II caravana MTV:
” a destruição começou foi quando 40 guerreiros Munduruku, fizeram ocupação e resistência no canteiro Bello Monte”

Mas a  explanação do diretor não convenceu muitas das lideranças presentes ao evento. “Ele não falou sobre de que forma o governo pretende diminuir os impactos sócio-ambientais do projeto”, avaliou Fátima Dourado, articuladora do Centro de Defesa dos Direitos Humanos de Palmas, que afirmou não ver “nenhuma vantagem no empreendimento”. Para o diretor da organização não-governamental Alternativas para o Pequeno Agricultor no Tocantins (APA), Ailton Dias, os prejuízos da hidrovia não justificam os possíveis lucros do empreendimento, que, segundo ele, poderiam ser compensados pela uso da ferrovia Norte-Sul. “Os estudos técnicos mostram que preço da soja ficará mais baixo se transportada pela ferroria em vez da hidrovia, que se torna uma obra faraônica inviável”, comparou.
Será, que vamos ver no Tapajós o que vimos no Xingu?
“Temos que caminhar juntos, para a academia aprender com os povos indígenas e não os indígenas aprender com as academias” (Calmões-Procurador da Justiça)

“A expectativa é que Belo Monte altere para sempre a vida de Altamira e de todas as cidades da região”…
Realidade…
Além das mudanças geográficas e a nova perspectiva para a exploração econômica de recursos naturais em larga escala nessa região amazônica, Belo Monte representa a mudança definitiva para uma região que convive ainda hoje sob carências de infraestrutura básica e um ambiente de violência, gerado pela ocupação irregular do território, a grilagem de terras e a exploração ilegal da madeira. A previsão é que 20 mil famílias sejam retiradas de suas propriedades e realocadas em algum ponto da região dando espaço para Belo Monte. A demora para essa solução tem criado incertezas para centenas de famílias que não sabem o que pode ocorrer no futuro de uma região com grande fluxo migratório.
O propósito de tomar uma parte do Parque Nacional do Xingu, onde vivem comunidades indígenas – entre os quais o líder indígena Raoni, um dos maiores combatentes do projeto Belo Monte –, criou um movimento contrário ao aproveitamento hidrelétrico do caudaloso rio, um dos principais afluentes do Rio Amazonas.
Idealizado ainda no governo militar, em 1975, o projeto do complexo Kararaô (o primeiro nome de Belo Monte) tinha dimensões ainda mais superlativas em relação o atual. Na ocasião, a Ditadura Militar imaginou uma obra com seis barragens entre os rios Xingu e Iriri, configuração que não poupava sequer o Parque Nacional do Xingu.
O projeto dos militares previa a construção de um complexo hidrelétrico com capacidade instalada de 20.000 MW (maior do que a Usina Hidrelétrica de Itaipu) e o alagamento de um território de 18.000 quilômetros quadrados, uma área 12 vezes maior do que a cidade de São Paulo. As implicações socioambientais da obra, associada a grande dificuldade econômica brasileira entre as décadas de 1980 e 1990, transformaram a obra numa sombra para os povos da região, mas que, até então, jamais havia se concretizado efetivamente. Somente depois do racionamento de energia que o Brasil foi obrigado a adotar em 2001, o projeto Belo Monte ressurgiu como uma necessidade do país. Não sem revisões.
Folha de S. Paulo
Agora tudo reflete no Tapajós, onde não só o Tapajós e seus habitantes são alvos dessa destruição, mas sim a bacia amazônica.
O Rio Tapajós tem sido a nova fronteira dos megaprojetos do governo federal de usinas hidrelétricas na Amazônia, com previsão de 40 usinas. Somente para o Tapajós estão previstas cinco. No projeto pretendia-se construir primeiro a de São Luiz do Tapajós, com um custo estimado de cerca de R$ 30 milhões e capacidade de gerar aproximadamente 4.000 MW por ano, quase o mesmo valor da produção da usina Belo Monte.
“O enterramento da [hidrelétrica] São Luiz do Tapajós nos dá uma grande esperança de que: ora, se a maior de todas elas teve o seu destino adequado, e legalmente oportuno, também tenhamos esperança que os demais sigam essa risca e uma vez verificado do ponto de vista técnico e legal que não são viáveis do ponto de vista socioambiental, que os órgãos deem a esses projetos os devidos destinos”, afirmou o procurador Calmões.
Tapajós, minha casa minha cultura…
A soma desses sentidos da vida, é ela, a dita cultura. Identificamos a esse conjunto cultural com tradições que são herdadas, reinventadas e atualizadas no tempo e espaço presentes. As linhas são protagonizadas pelos indivíduos que tecem o emaranhado em seus coletivos culturais que são os pescadores, barqueiros, garimpeiros, beiraderos, indígenas, agricultores, extrativistas, artistas, trabalhadores urbanos e rurais. Cada um deles são espaços sociais onde as pessoas e coisas (bens e trecos) entrelaçam histórias e misturam suas narrativas traduzidas pelas memórias dos saberes e conhecimentos.


Fotos tiradas durante o Movimento Tapajós Vivo, Caravana que ocorreu de 26 à 28 de Agosto de 2016 Itaituba-Pa

Fonte: www.blognovajuventude.wordpress.com

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